sábado, 4 de junho de 2011

Para o trabalhoo 3

Saúde bucal materno-infantil: um estudo de representações sociais com gestantes1

Mirelle FinklerI; Denise Maria Belliard OleiniskiII; Flávia Regina Souza RamosIII
ICirurgiã-dentista. Mestre em Odontologia - Área de concentração: Odontologia em Saúde Coletiva, pela UFSC. Professora Substituta do Departamento de Estomatologia/UFSC
IICirurgiã-dentista. Doutora em Odontologia. Professora Adjunto II do Departamento de Estomatologia/UFSC e do Programa de Pós-Graduação em Odontologia/UFSC. Orientadora
IIIEnfermeira. Doutora em Filosofia de Enfermagem. Professora Adjunto IV do Departamento de Enfermagem/UFSC e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem/UFSC. Co-orientadora.


“Sabe-se que a assistência odontológica tem contribuído muito pouco para a melhoria das condições de saúde bucal das populações. A prática odontológica iatrogênica-mutiladora, dentistocêntrica, biologicista, individualista, centrada na técnica e pouco resolutiva, vigora desde sua origem. Como conseqüência, os índices epidemiológicos que refletem as condições de morbidade bucal, colocam o Brasil entre os países de piores condições de saúde bucal do mundo.”
“O ideal compartilhado é o de uma prática odontológica mais humana, saudável, eficiente e eficaz, que respeite democraticamente a dignidade dos indivíduos e dos grupos, dentro de seu contexto histórico, social e cultural e que consiga, dessa forma, promover a saúde geral através da saúde bucal, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida na sociedade.”

“Sendo a saúde uma questão de natureza social, econômica, cultural, política e educacional, é necessário considerar que os trabalhos de promoção de saúde requerem, antes de tudo, um conhecimento aprofundado sobre a população com a qual se irá trabalhar. Mas poucas e recentes são as pesquisas em Odontologia que propiciam esse conhecimento aprofundado, considerando as pessoas e seus comportamentos a partir de sua inserção social, valores, crenças, enfim, de seu sistema de significação2. Esse tipo de estudo exige uma abordagem diferente da qual a Odontologia tradicionalmente tem trabalhado. “
“A metodologia de pesquisa qualitativa, enraizada na Antropologia Social, busca o relativismo e a singularidade dos grupos sociais. Tem por pressuposto que o real só pode ser apreendido a partir da ordem simbólica, uma vez que a realidade é uma construção social. Dentro desse contexto, a saúde e a doença possuem uma realidade independente de sua definição biomédica, pois são objetos de representações e tratamentos específicos em cada cultura.”

“Pensando-se na família como um espaço primário de relacionamento social, as mulheres e mães exercem uma influência especial, principalmente nas questões relacionadas à saúde, pois atuam como agentes produtoras e multiplicadoras de conhecimentos, informações e atitudes que visam à promoção da sua saúde e a de toda a sua família. “

“O período da gestação é considerado um momento ímpar na vida da mulher, no qual ela demonstra estar bastante receptiva a informações relacionadas ao futuro filho, sendo por isso, a gestação, percebida como um momento privilegiado para o trabalho de educação em saúde.”
“Diversas pesquisas vêm sendo realizadas com gestantes no âmbito da Odontologia9-10 mas apesar dos esforços realizados no sentido de conhecê-las melhor em relação ao que sabem, pensam e fazem, como é a sua saúde bucal e qual a influência desta na saúde bucal de seus bebês, esse conhecimento tem sido obtido e analisado sob o prisma da corrente positivista, de forma que toda a realidade social e histórica, a comunicação inter-pessoal, o senso comum e as práticas sociais deixam de ser consideradas.

“O despreparo dos profissionais da Odontologia para lidar com gestantes acaba por reforçar o elemento da representação social que desaconselha o tratamento durante a gestação. O receio dos profissionais, fortemente direcionado para as preocupações com a segurança do tratamento curativo4, pode estar contribuindo negativamente para a construção da representação social reconstruída neste estudo.
Emerge então, a necessidade de uma reflexão referente ao perfil do profissional que a Odontologia tem formado. A literatura aponta não somente para os aspectos específicos do tratamento de gestantes, minimizando os riscos superestimados também pelos profissionais e o seu conseqüente temor em atendê-las9,14, mas especialmente, para a compreensão da gestante enquanto sujeito que requer o que de melhor a atenção odontológica tem a oferecer: a sua ação integral - educativa, preventiva e reabilitadora.”

“As gestantes possuem uma motivação, em potencial, para cuidar da própria saúde bucal pensando nos filhos e para buscar informações sobre os cuidados que deverão ser tomados com a saúde bucal dos bebês. Faz-se necessário, então, colocar as gestantes em contato com a Odontologia durante o período pré-natal, para que recebam toda a orientação profissional necessária e para que sejam encaminhadas ao tratamento preventivo-reabilitador, pois mulheres saudáveis e que saibam se cuidar efetivamente promoverão a saúde de seus filhos. “

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